ARTE MOÇAMBICANA
por: Artur Salvador S. Senhor (apontosenhor@gmail.com)
CONTEXTO HISTÓRICO
Moçambique é uma república do sudeste africano com uma superfície de 801.590 quilómetros quadrados; faz fronteira ao norte com a Tanzânia, a leste com o Canal de Moçambique, a sul e a sudeste com a África do Sul e Suazilândia e a oeste com o Zimbabwe, Zâmbia e Malawi. Maputo é a capital. Tornou-se independente de Portugal em 1975.
Introdução ao estudo da arte em Moçambique
Como em qualquer parte, principalmente de África, é preciso lembrar que o desenvolvimento da arte esteve sempre ligado à necessidade de subsistência desde a criação das pinturas como forma de documentar os acontecimentos marcantes da vida; o desenvolvimento da escultura como forma de produção de utensílios de caráter generalizado, partindo dos, de apoio a agricultura, a caça, ao uso doméstico, a arquitectura até a produção de objectos de uso cerimonial.
Importância das artes
São parte constituinte do sol de um povo; segundo Samora Machel, a cultura é o sol de um povo com um papel importante na documentação da vida dos povos: no que diz respeito aos hábitos e costumes, forma de estar e de agir em relação ao que lhes coloca com a função de confortar a alma.
ARTE RUPESTRE
A arte rupestre constitui testemunho documental de uma das mais expressivas manifestações espirituais do homem. São páginas de História que permitem avaliar a longínqua distância que separa o homem primitivo do actual. Alguns estudos mostram que ela compreende os períodos Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. O homem pré-histórico deixou marcado na pedra, cenas de sua vida com vigorosos e belos traços, conforme afirma PEREIRA (1966).
“A sua sensibilidade está, portanto, em todos os temas de inspiração. A técnica de representação dos objectos, animais e pessoas, em traços sóbrios, vigorosos e belos, de vida palpitante, como sucede nas danças, cenas de caça, actos de culto, etc., dá imagem real do seu mundo ancestral, trazido à nossa presença como o mais actual e elucidativo documentário para estudo e meditação.” (s/p)
Acredita-se que a arte rupestre era entendida pelo homem que a realizava (quase sempre um feiticeiro) como um ritual mágico e premonitório, eficaz para o controle de uma realidade, como por exemplo, o das caçadas, predominando nestas pinturas cores vermelha, laranja e castanho, a cor vermelha deve derivar da hematite (óxido de ferro anídrico); as cores de alaranjado, da limonite (sesquióxido de ferro hidratado); e as de chocolate, de um pseudo derivado da magnetite (óxido de ferro magnético).
A riqueza do património pictorico rupestre de Moçambique está na quantidade de pinturas que se encontram no seu território, e na variedade e qualidade das mesmas, nao se repetindo nas suas expressões representativas, nem nos temas que serviram à sua inspiração. Os exemplos desta arte encontram-se predominantemente nas regiões do Centro e Norte.
Pinturas rupestres da região de Samo, na Província de Tete
A região está integrada num maciço rochoso cujas pinturas encontram-se num bloco de pedra que tem cerca de oito metros de altura. Numa superfície de quatro metros de largura por dois e meio de altura descobre-se o primeiro conjunto das pinturas, representado por desenhos de forma geométrica irregular, ressaltando entre eles, as linhas sinusoidais, as espirais, os semicírculos e círculos, a par de segmentos de recta paralelos, cruzados, etc.
fig. 1 - Pintura rupestre nao figurativa da regiao de Samo.
Não se encontram representações de animais ou quase nada pelo menos, o leva a crer. Nenhum animal, com efeito, se pode identificar, a menos que se interpretem aquelas espirais ou os círculos com suas radiais, como espécimes marinhas (fig. 1). As pinturas são da cor de ocre.
fig. 2 - Pintura rupestre nao figurativa da regiao de Samo.
Ja em Zangaia, na região do Posto de Chiúta, as pinturas estão localizadas em duas regiões dum rochedoro, que se encontra nas proximidades do Monte Kaláire, "ilha" de rocha, cuja base, por ter a forma cilíndrica, é circular, com um diâmetro superior a cem metros. No seu lado Oeste encontram-se bastante sumidas, sendo difícil o seu exame para uma elucidativa interpretação. Mas as do lado Leste, distando das anteriores pouco mais de quinze metros, apresentam-se nítidas e suscitam maior interesse. Estão pintadas a cor de ocre, situando-se as primeiras num painel quadrado, com cerca de um metro e meio de lado. As pinturas nesta região representam figuras humanas, um animal pré-histórico, linhas paralelas que preenchem espaços vazios e outras figuras desproporcionadas. Trata-se de um rico conjunto com notoriedade artística que de certa forma nos traz aspectos cronológicos por um lado e seu estilo de vida por outro.
Pinturas rupestres, situadas no sopé do Monte Malembué na área do posto de Muembe, na Província do Niassa
fig. 3 - Pintura rupestre: Inicio da figuracao na pintura rupestra.
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Pinturas rupestres, situadas no sopé do Monte Malembué na área do posto de Muembe, na Província do Niassa
Malembué é um enorme bloco de rocha, dirigido segundo a direcção Leste-Oeste, com cerca de quinhentos metros de comprimento e cem de altura. A base é elíptica e o corpo em forma de tronco de cone. Na parte voltada para o Norte, abre-se um cavado de algumas dezenas de metros de comprimento e outros tantos de altura, na superfície do qual se situam as pinturas rupestres. Do lado Sul, todo o maciço rochoso olha para um extenso e profundo vale.
O acesso superior à esta zona rochosa pode fazer-se pelo lado Leste. Muito acima do vasto painel das pinturas, existem grutas, que, vistas do solo, se assemelham a grandes janelas, nas quais, segundo afirmam, os Ajauas se recolheram para, dali, fazerem rolar calhaus enormes com que feriam e matavam os seus inimigos, os Angonis.
A palavra Malembué, etimologicamente deriva do prefixo MA que significa muitos, e de LEMBUÉ que quer dizer escritos. O painel em referência tem cerca de vinte metros de comprimento por três de altura. Situa-se na cavidade natural da "Ilha" e é naturalmente protegido dos raios de Sol e da chuva. A cavidade oferece uma inclinação para dentro, em direcção à base, que torna mais eficaz a protecção. No rol das imagens encontradas nesta região temos, figuras de homens e animais, representações simbólicas e traçado geométrico de linhas verticais e oblíquas.
Pintura de Chinhamapere, na Província de Manica
Tanto como acontece noutras províncias Chinhamapere não é vista duma forma diferente doutras artes sem fugir a regra de representação daquilo que cada artista lhe convier. Daquilo que se pode observar é que eles procuram representar o que está ligado ao sofrimento da população dum lado as belas paisagens do planalto, a certas coisas abstractas, a vida das populações que está ligada aos ritos de iniciação, a fidelidade da mulher, e a invocação feita aos espíritos, ao sucesso nas suas futuras caças.
fig. 5: Pintura figurativa do monte Chinhamapere |
Localizando-se num abrigo sobre rocha, no monte Chinhamapere pertencente ao contraforte da vertente do planalto, formado pela Cera Vumba na província de Manica, antiga Macequece, as figuras que primeiro foram pintadas na rocha, a vermelho e alaranjado, constituídas por uma figura masculina segurando o que se presume seja atado de capim, pois é provável que se tratasse de povos pastores; um grupo de vários com arcos e com flechas, uns enquanto outros seguram as costas mortas e feridas, talvez após o combate. Todo este conjunto artístico está sumido e, devido a fustigação erosiva está borrado, com riscos a escorrerem pela rocha.
fig. 6: Pintura figurativa do monte Chinhamapere - representacao de cacadores regressando de uma actividade
ARTE POS-COLONIAL
A arte passa a ter um papel importante na sociedade, e o artista, a partir das raízes culturais do seu passado histórico, desenvolve novas formas para melhor traduzir os valores da nova sociedade. A busca de identidade cultural foi sempre uma preocupação dos artistas moçambicanos nesta época.
Os artistas que mais se destacaram nesta época foram o Malangatata, Chissano, Mankew, Chicane, Noel Langa, Naftal Langa, Jacob Macambako, entre outros.
ESCULTURA
A escultura moçambicana reflecte aquilo que são as vivências do seu meio, apresentando uma dinâmica visual, com movimentos e ritmos aparentes, com relação figura/ forma, através de repetições de elementos.
As técnicas da escultura sobre a madeira e a cerâmica utilizadas pelos artistas contemporâneos são estreitamente ligadas às técnicas tradicionais. A escultura maconde, originária do norte do país, faz parte das expressões artísticas mais interessantes do continente africano, tendo conseguido uma renovação recente fora de toda norma ocidental. No norte, trabalha-se sobretudo o ébano enquanto que no sul, as esculturas em madeira de sândalo são as esculturas mais difundidas.
Os macondes (etnia originária dos planaltos da província de Cabo Delgado), encontram-se instaladas tanto numa como na outra margem do rio Rovuma, junto à fronteira com a Tanzânia. Até ao período colonial, a tradição da escultura nos macondes está ligada aos cultos e à reprodução da sociedade. As máscaras mapiko são esculpidas em madeira tenra ou dura utilizadas para as danças dos ritos de iniciação masculinos ou também como objectos usuais. Elas são uma prova de notável e grande sentido estético.
A estas esculturas do tipo tradicional acrescentou-se a partir dos anos 60, uma escultura de um novo tipo, que ganha uma inspiração contemporânea libertando-se totalmente dos padrões formais ancestrais. Entre os artistas que marcaram esta renovação, Matias Ntundo, que interessou-se pela técnica da chilogravura e Reinata Sadimba, que partindo da confecção de objectos usuais em cerâmica começou à criar representações de figuras humanas de um alto nível estético.
Olhando para as esculturas do Malangatana, tão monumental, apresenta uma ruptura daquilo que é tradicional quando apresenta uma composição de diferentes materiais, tornado-a dinâmica, com sensação de movimento presente, onde os elementos interagem entre si, tornando-a belíssima.
A sua escultura também é testemunho desta evolução que acompanha, ou reflecte a sua realidade envolvente. As formas desta expressão, variam do abstracto ao figurativo, naturalista, realista e estilizado
Inspiração e Temática da Arte Moçambicana
As manifestações artísticas de Moçambique apresentam temáticas directamente ligadas a sociedade onde o artista se insere. O que lhe incomoda, ou lhe agrada, usando sua obra para fazer sua critica. Generalizando a temática das artes moçambicanas: família, concelhos, politica, doenças, seca, cheias, nascimento, prisão, festas tradicionais, caminhos da vida, praga, jogo democracia, mercados, harmonias, amor, hierarquias, sinfonias, religião, opressão, historia, guerras, paz, entre outros.
Em Moçambique podemos encontrar nas principais avenidas praças ou ainda jardins esculturas que são feitas em homenagem a alguns heróis muitas destas são de grande porte.
Relevo narrativo
Escultura em bronze, ilustrando a resistência a colona em Moçambique.
ARTE MACONDE/XIKELEKEDANE
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A escultura dos Makondes
Na escultura makonde, e preciso sempre lembrar que desde todo sempre, ate antes de ser credenciada como arte, ela sempre teve uma funcao sacra satisfazer a cultura tradicional, tal como a concepcao das famosas mascaras do mapico e outros utensilios.
Escultura Maconde
A escultura Maconde tem como principal motivo o corpo humano, retratando aspectos da vida quotidiana e da sua cultura no geral.
Etapas da Escultura Maconde
1ª Etapa: Arte Maconde antiga
Elaboração de máscaras Mapico, de pequenos objectivos e de uso, e num período mais recente, Execução das primeiras esculturas em corpo inteiro em madeira leve poli cromada;
Elevado nível de simplificação por acentuação;
E execução para fins Rítmicas.
2ª Etapa: período colonial (princípios do anos 30 e finais dos anos 40)
Elaboração de bustos e figuras em corpo o inteiro, retratando personagens da vida quotidiana, esculturas animalistas, início da utilização do pau preto. Acentuado carácter Realista, funções de crítica social, início da comercialização.
3ª Etapa: Arte Maconde moderna (anos 60)
A Arte Maconde moderna desenvolveu-se a partir dos anos 60, chamou atenção aos Apreciadores de arte por todo o mundo, assenta-se na criação de novos dois estilos: Ujama e Shetani.
Tipos de Esculturas Maconde
1. Escultura tipo Shetani
Designa uma variedade complexa de figuras mitológicas, sendo umas consideradas perigosas para os seres humanos, outras não.
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2- Escultura Ujamaa
O ujamaa é uma composição de figuras umas em cima das outras em equilíbrio harmonioso e dinâmico.
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3- Escultura tipo Ujamaa não compacta
As figuras são trabalhadas em redor de um espaço oco e não de um núcleo maciço.
Esta forma de trabalhar exige maior mestria e um treino intensivo.
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As cheias: Miguel Valingue
AS MÁSCARAS
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ARQUITECTURA
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É pela necessidade do sedentarismo e agrupamento em grande número de membros pertencentes a uma determinada tribo ou família e com o desenvolvimento de técnicas de construção eles foram construindo palhotas.
Arquitectura Nativa
As habitações nativas são semelhantes em todo território moçambicano. São na sua maioria circulares, com uma cobertura única, isenta de janelas, tendo porta única. Infelizmente há divisórias separando a cozinha, do lugar de dormida, que serve igualmente de celeiro e para guarda de vários utensílios. Forma-se, deste modo, a volta da habitação uma varanda com a base situada ao nível do solo, ou sobrelevada em cerca de 30 cm.
A Arquitectura
A arquitectura moçambicana tem observado diferentes mudanças. E pode se estudar dividindo-á em arquitectura urbana e rural. Começaremos pela rural por ser a que apresenta-se como tipicamente moçambicana. pelas suas construções, e materiais. Na arquitectura rural, as pessoas não se baseiam na planta para conceber uma casa. Decidem qual o lugar onde a casa vai ficar, e a sua posição. Estas casas são circulares e com cobertura cónica.
No sul do país utilizam ramos de árvores, fios de sisal, arame, pregos, barrotes, e caniço. E nos últimos anos desenvolveu se muitos a construção de casas de madeira e zinco principalmente no sul do Pais No centro e norte são feitas de pau-e-pique e maticadas com argila, com um tecto com vários formatos, tais como pirâmides de base quadrangular ou cónicos.
Influências na arquitectura moçambicana
Olhando para a arquitectura urbana observamos influências árabe e colonial nos edificios ligados a época gótica, a do renascimento, a arquitectura religiosa e arquitectura militar, e a crípita da praça dos heróis moçambicanos.
Observamos também arquitectura da época moderna/contemporânea, caso do prédio dos 33 andares, o Centro Comercial Maputo Shopping Center.
Estrutura com tecto em forma de pirâmide quadrangular e revestimento das paredes com ripas feitas a partir de estacas.
Estrutura cilíndrica feita com estacas de diferentes espessuras.
Estrutura quadrangular feita com estacas de diferentes espessuras.
Estrutura de base cilíndrica, revestida de caniço e tecto com formato cónico e cobertura de palha ou capim.
Estrutura de base cilíndrica, revestida de caniço e tecto com formato cónico e cobertura de palha ou capim.
Estrutura de base cilíndrica, maticada com argila e tecto com formato cónico e cobertura de palha ou capim.
Estrutura de base cilíndrica, maticada com argila e tecto com formato cónico e cobertura de palha ou capim.
Estrutura de base quadrangular ou rectangular, com janelas, maticada e pintada, tecto com a cobertura de palha ou capim em forma de escadaria.
Estrutura de base quadrangular ou rectangular, maticada, tecto com a cobertura de palha ou capim e um alpendre envolvente.
Estrutura de base quadrangular, revestida de caniço, com janelas, tecto com a cobertura de palha ou capim e formato de pirâmide.
Estrutura de base quadrangular ou rectangular revestida de caniço.
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Artur... Forca!
ResponderExcluirEspero ver, nos proximos meses, o que esta a ser compilado, ja pronto, abracao e forca ai.
Ulisses
Esta' de parabens doctor pelo conteudo, esta claro e objectivo, e' mais uma fonte para os interessados em conhecer a arte e cultura mocambicana. E' mais uma iniciativa de promocao e divulgacao da arte mocambicana, alias Mocambique esta precisando disso.
ResponderExcluirGostei muito do conteudo.. ajudou-me bastante...
ResponderExcluirbaraben, ajudou.me bastante num trabalho sobre arte moçambicana xtas d parabens
ResponderExcluirgostei muito por ter lido este blog, os conteudos sao um descobrimento da verdade artistica escondida no nosso pais e para os que apreciam a arte esta aqui o local de ler em busca da base artistica.
ResponderExcluirparabens
Boa tarde colega. tudo bem. estamos a espera das partes em compilacao...
ResponderExcluirAxei aque Nessa pagina tudo sobre arte em Mocambique
ResponderExcluirbeleza ,um salve ai gostei muito do conteúdo
ResponderExcluirbom dia, tudo bem gostei das publicações da escultura mocambicana
ResponderExcluirOlá tudo bem? Estou grata pelo acesso ao blog gostei da iniciativa incluindo o alerta de temas, gostaria que falasse de cada tema específicamente
ResponderExcluirGostei de ler o publicado, gostaria que detalhasse mais sobre arquitectura mocambicana.
ResponderExcluirGostei de ler o publicado, gostaria que detalhasse mais sobre arquitectura mocambicana.
ResponderExcluirDigite seu comentário: Amei ajudoume.muinto.
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